Reflexões Sobre o Futuro e a Sustentabilidade
No último dia 25 de outubro, o Museu do Amanhã celebrou uma década de atividades com um seminário internacional que explorou o papel da ciência na construção de um futuro sustentável. O evento, realizado na manhã desta quarta-feira, reuniu especialistas e líderes de instituições renomadas para compartilhar experiências e discutir novos projetos que moldarão a próxima década da instituição. O seminário teve como primeiro tema a mesa redonda intitulada “Cultura e clima”, que contou com a participação do diretor do Science Museum, Ian Blatchford, a diretora do Museu Nacional dos Povos Indígenas (MNPI), Juliana Tupinambá, e Silvia Singer, diretora do Museu Interativo de Economia (Mide). Ian Blatchford, ao abrir os debates, trouxe à tona a importância dos acervos e dos museus voltados para a ciência em tempos de crise.
“Cada crise é apresentada como se fosse a primeira vez que a humanidade enfrenta um problema. Eu chamo isso de ‘a urgência do agora’. Sempre parece que há uma grande crise e que não sabemos o que fazer. A vantagem da nossa coleção é que podemos falar sobre esses desafios, especialmente os climáticos, mas contextualizados historicamente”, afirmou Blatchford.
Em sua intervenção, Juliana Tupinambá ressaltou o papel vital dos povos originários na conservação ambiental e cultural. “Para nós, enquanto povos indígenas, clima e cultura não são dissociáveis. Isso provém da nossa construção e relação com o mundo. É crucial refletir que, como indígenas no Brasil, somos os verdadeiros guardiões da floresta. Se hoje ela permanece em pé, deve-se ao nosso modo de viver e pensar”, destacou. A diretora também comentou sobre as discussões em andamento no Congresso e no Supremo Tribunal Federal (STF) referentes ao marco temporal de demarcação de terras indígenas, enfatizando a urgência do tema.
A importância dos museus como espaços de discussão social e reflexão sobre o comportamento humano também foi abordada por Silvia Singer. “O museu é um lugar excepcional para questionar a maneira como vivemos. Precisamos cuidar de nós mesmos e de nossas comunidades, vivendo de maneira harmoniosa. Museus como o do Amanhã e o Mide não se concentram no passado; nós estamos focados no presente e no futuro”, comentou Singer, enfatizando que a tomada de decisão consciente é fundamental para um futuro sustentável.
Ricardo Piquet, moderador da mesa e diretor-presidente do Instituto de Desenvolvimento e Gestão (IDG), que gerencia o Museu do Amanhã, discutiu os desafios enfrentados pelos museus científicos na formação da mentalidade de seus visitantes. Segundo ele, atrair o público jovem é uma tarefa ainda mais complexa, especialmente em um mundo onde a comunicação se reduz a poucos caracteres. “O museu foi concebido como um espaço para pensar o futuro. O desafio é enorme. Precisamos provocá-los a se tornarem agentes de mudança quando deixarem nossas instalações”, afirmou Piquet, reconhecendo a importância dessa missão.
Em um ano significativo, o Museu do Amanhã também foi sede do Earthshot Prize, uma premiação conhecida como o “Oscar da sustentabilidade”, criada pelo príncipe William. David Fein, vice-presidente do Earthshot Prize, presente no seminário, destacou a parceria com o museu. “Estamos olhando para o futuro ao lado de vocês, celebrando o 10º aniversário e reconhecendo sua liderança em sustentabilidade. Nossa colaboração é um exemplo do que pode ser alcançado quando instituições se unificam em um grande propósito”, concluiu, reforçando a continuidade da parceria estabelecida em novembro do ano passado.

